Descobri que era gay ainda pequeno. Por incrível que possa parecer,me sentia atraído por meninos desde os meus cinco anos de idade. Prova disso é que quando meu pai assistia aos filmes que passavam na Band,um filme prive chamado Emmanuelle,que passava aos sábados ,mesmo ainda não entendo nada, minha atenção voltava para o homem.
Meus eram atraídos por aquele torso musculoso em contração,em movimento em pleno ato sexual. O tempo fora passando...
E a primeira vez,em que falei que um cara era bonito algo acontecera.
Assistia com minha um daqueles filmes bíblicos que foram muito exibidos pelo Sbt, acho eu que era a Arca de Noé.O filme era empolgante ,sobretudo,pelos três filhos lindo do Noé,quais não conseguia tirar os olhos.Essa memória me é tão inesquecível que consigo me lembrar de como quase tudo acontecera.
Em determinada parte do filme um dos filhos de Noé, tira camiseta. E aquilo imediatamente me chamou a atenção,pela primeira vez,talvez,pela primeira porque se houve outra vez , não estou lembrado no momento,meu coração disparou. O ar me faltou,acho que aquela primeira vez, aos dezoito anos,estava tendo o que chamamos por tesão ou desejo.
E foi então, que disse para minha mãe como aquele cara era bonito. E entre medo de que o seu filho ser gay e de não saber o que fazer,minha mãe me desferiu belo de um tapa na minha cara.Lembro de não entender aquilo. O motivo de eu não poder dizer que o filho de Noé era bonito,o motivo pelo qual levei aquele tapa que me deixara impresso em minha memória e qual lembro até hoje.Lembro de ter chorado muito mais muito mesmo.
Tinha apenas sete anos...
Houve outro momento em minha vida que me é nítido. Um deles é que certa vez, eu pegara o vestido de festa Junina, de minha prima, cujo qual, minha mãe havia feito reparos,pondo-o no peitoral dizendo o seguinte:"Mãe este vestido é tão lindo, posso usar?"
E minha mãe me olhou. Ela não sabia se devia ou não deixar. E como não soubesse a resposta,para minha pergunta ela disse :"Para de besteira menino,vou contar para o seu pai!"
Lembro de ter corrido, entre lágrimas, para meu quarto.
Vocês como podem perceber eu fui criado nesse tolhimento de minha expressão sexual. A homossexualidade só fui poder descobri-la quase no final de minha adolescência. Quando pude ter certeza de que ser gay não era nada contra os preceitos atávicos da bíblia e que como esta mesma bíblia dizia,não iria para o tal de "inferno."
Houve outros casos também. Um outro do que me lembro,e qual acho muitíssimo engraçado,é o da minha prima.
Eu e minha prima costumávamos brincar de príncipe e princesa. Ela como devem imaginar era princesa e eu era o princípe tudo normal para os conceitos impostos pelo padrão heteronormativo,mas algo rebelde em mim, me cutucava em forma de perguntas:"Por que eu não podia ser a princesa e ela o príncipe?"Foi então que impus essa condição a minha prima que de imediato ,talvez, achando engraçado, aceitou.
Fui criado uma família heterossexual como em qualquer outra família, que tem como discurso:"Meu filho é macho e se casará com uma mulher, simples assim!"
Porém, algo dentro de mim dizia qual aquilo talvez não fosse o correto. O que condizia com a minha essência.A pergunta sobre minha sexualidade fora aumentando conforme fui crescendo.E foi nesse momento de crescimento e no qual já estava dentro da sala de aula,que foi o momento mais difícil em toda minha vida.
Mesmo não tendo certeza de que eu era gay ou não,eu sofria bullying.Era xingado de viadinho florzinha e dentre outrora apelidinhos quais crescemos ouvindo. Mas com o amadurecimento e com o apoio dos livros eu fui me entendendo e entendo a reação e estranhamento alheio ao meu redor só por gostar do mesmo sexo.
Por não gostar dum sexo que era tido como "padrão" e correto.Com ajuda da internet pude ir buscar informação e sobretudo me entender.
Aí vocês me perguntam: "alcançou a felicidade?"
Aí respondo: "Não ainda não."
Porque a felicidade é feita de momentos e quais quando quero relembrar algo de feliz que acontecer em minha vida, posso criar uma colcha bem grande.
Um desses retalhos ,senão um dos maiores e mais importantes é a minha descoberta. A descoberta de que ser gay não tem nada de errado.De que ser gay é ser como qualquer outra pessoa.
E foi desta forma que descobri que era gay.
:D